terça-feira, setembro 19, 2006

Bento XVI e o Islão

Não se trata aqui de qualquer apologética do discurso do Papa que tanta polémica tem causado. Nem poderia ser, pois a discreta e eficientíssima diplomacia do Vaticano seguramente estudou todas as implicações e consequências de um discurso gizado ao pormenor. De todo o modo, para que se perceba um pouco mais da zona cinzenta onde deve estar o bom senso destas questões, talvez não seja despiciendo aludir aqui ao que o Papa BEntoXVI (ou o Cardeal Ratzinger?) disse, no seu próprio contexto.
O discurso foi proferi na semana passada para cientistas da Universidade de Regensburg, onde Ratzinger foi professor e vice-reitor enrte 1969 e 71. Nele examinava o impacto da filosofia grega na teologia cristã, em especial o conceito de razão e seu lugar na religião. No polémici parágrafo citado, o Papa fazia menção a um diálogo, no ano de 1391 aprox., entre o Imperador Manuel II Paleologus e um erudito persa sobre o Cristianismo e o Islão.
O imperador argumentava que a disseminação da fé através da violência, guerra santa ou jihad - como sugeria o profeta Maomé - é algo de irrazoável, pelo que «um acto que n seja conforme à razão é contrário à natureza de Deus».
Bento XVI assinalava que, enquanto esta noção era auto-evidente para o imperador crsitão, educada pela matriz da filosofia grega, não o era para alguns pensadores muçulmanos.
Serve isto para explicar a tese de que, em face desta proximidade entre o Cristianismo e a filosofia grega e seu conceito de razão, não é surpreendente que o Cristianismo tenha ocupado o lugar decisivo que teve na Europa.