quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Serviços de Informações

Noticiou a Visão, há 2 semanas, que José Sócrates teria ao seu serviço um núcleo restrito de operacionais de intelligence funcionando em paralelo e à margem da lei, dirigido pelo Secretário-Geral do Serviço de Informações da República Portuguesa (SIRP).

Não nos pronunciaremos aqui sobre o fundamento destas notícias ou sua veracidade, nem tão pouco pelo papel decisivo que os orgãos de comunicação social desempenham nas sociedades dos Estados verdadeiramente democráticos.

Aquilo que nos preocupa é algum deslumbramento que este papel gera em alguns jornalistas e profissionais deste sector, sob o pretexto da (pseudo) legitimidade de um 4º poder, regulador, que pugna pela transparência...

Ora, essa é uma (pseudo) legitimidade que não foi sufragada e cujos intérpretes não são controlados por qualquer instância que os possa responbilizar ou held accountable for.

Só assim se explica, que no n.º da semana passade, em que a Visão desenvolve esta notícia, o jornalista responsável questiona insistentemente o secretismo que envolve os Serviços de Informação....bom, logo à partida it goes without saying o porquê de tal reserva..mas, citamos a peça, «Afinal, tudo ou quase tudo, o que é importante para desvendar o funcionamento dos serviços é, e continua a ser, secreto. (...) Porque razão até se oculta a lista de elementos que fazem parte do seu staff? (Júlio Pereira) recusa mesmo identificar em que piso funciona o seu gabinete e quais as medidas que condicionam o acesso àquele espaço de intelligence por pessoas externas ao respectivo quadro (...)»

Bom, compreende-se a nobre e fulcral missão de informar e de lutar pela transparência. Mas, como em tudo na vida, é sempre necessária uma grande dose de bom senso...e/ou de conhecimentos.

No mundo em que vivemos, interessa cada vez menos a dimensão das forças armadas que um Estado possui, em detrimento da sua capacidade de obter, analisar e coordenar (no quadro das alianças a que pertence) as informações estratégicas e de segurança. As ameaças são de outro tipo, e no caso específico de Portugal, a segurança e integridade territorial contra esses novos desafios, depende da sua capacidade e credibilidade como actor fiável no quadro da intelligence da Aliança Atlântica. Talvez isto ajude a perceber tanto secretismo.....

Ou será que os agentes da CIA, suas moradas, hobbies, etc, aparecem nos jornais? Saberão os jornalistas especializados nestas matérias que uma grande parte desse secretismo, além de ser 'a alma do negócio', é imposto pelos compromissos internacionais assumidos por Portugal?

Tentem saber junto da NATO o que significa a expressão cosmic top secret e depois talvez percebam pk n sabem em k andar está o responsável máximo dos serviços secretos portugueses.

No meio de tudo isto, o que custa compreender é que a mesma lógica jornalística que critica o secretismo, estaria certamente na linha da frente da crítica se houvesse qualquer tipo de fuga de informação e se soubesse publicamente os nomes, actividades, etc, dos operacionais....

Uma questão de coerência. E de sentido de responsabilidade....

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Reformas

Diz ainda o Economist desta semana que os países da União Europeia enfrentam actualmente um grande desafio: como transformar a(s) crise(s) em oportunidades para empreender reformas, nos vários sectores estruturais em que estas são incontornáveis para revitalizar a(s) economia(s) europeia(s).

Mas o mais interessante deste artigo, é a citação de Jean-Claude Juncker sobre os obstáculos à mudança na Europa: «We all know what to do. We just don't know how to be re-elected once we've done it».

Dixit.